Índios Parakanã

Povos da Amazônia

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Mãe e filho Parakanã na TI Apiterewa. Foto: Carlos Fausto, 1988.

Identificação e localização:

Em 1920 teriam avistados pela primeira vez  acima da cidade de Portel, no rio Pacajá, identificados como os índios que, na década de 1920, surgiam entre a cidade de Alcobaça e o baixo curso do rio Pucuruí para saquear colonos e trabalhadores da Estrada de Ferro do Tocantins. Foi no início do século XX, portanto, que começaram a aparecer às primeiras informações sobre índios que viriam a ser conhecidos como Parakanã. Porém eles foram contatados na década de 70 em decorrência da abertura da BR 230, a Rodovia Transamazônica, e que foi posteriormente removido de parte de suas terras tradicionais, em razão da construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
Os Parakanã Orientais e Ocidentais somavam aproximadamente 900 indivíduos em 2004. Vivem em duas áreas indígenas diferentes, divisão que não corresponde a dos blocos oriental e ocidental. A primeira área, denominada Terra Indígena (TI) Parakanã, localiza-se na bacia do Tocantins, municípios de Repartimento, Jacundá e Itupiranga, no Pará. Com uma extensão de 351 mil hectares, encontra-se demarcada e com sua situação jurídica regularizada. Desde 1980, recebe a assistência do "Programa Parakanã", fruto de um convênio entre a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Eletronorte. Sua população era de cerca de 600 pessoas (2004), distribuída em cinco aldeamentos diferentes, dos quais três pertencem aos Parakanã Orientais (Paranatinga, Paranowa'ona e Ita'yngo'a) e dois aos Ocidentais (Maroxewara e Inaxy'anga). Nessa TI, os Orientais são numericamente dominantes, representando cerca de dois terços da população.
A segunda área, denominada TI Apyterewa, localiza-se na bacia do Xingu, nos municípios de Altamira e São Félix do Xingu, também no Pará. Com 981 mil hectares, foi declarada de posse permanente dos Parakanã em 1992, porém a portaria do Ministério da Justiça que a garantia fora revogada, e a terra identificada pela Funai reduzida, de seu tamanho original, para 773 mil hectares. Uma nova portaria do Ministério da Justiça foi assinada em 21/09/2004. Mas a área encontra-se, hoje, bastante invadida por madeireiros, fazendeiros, colonos e garimpeiros. Assistida pela Administração Regional de Altamira (Funai), contava em fins de 2003 com uma população de 314 pessoas, segundo a Funasa, vivendo em duas aldeias (Apyterewa e Xingu). Todos os seus habitantes são oriundos do bloco ocidental e foram contatados entre 1983 e 1984.

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Festa das tabocas dos índios Parakanã no Igarapé Bom Jardim. Foto: Carlos Fausto, 1988.
Rituais e atividades produtivas:
Os Parakanãs possuem rituais importantes, como músicas e danças. Há inúmeras ocasiões em que música e dança estão associadas. Três delas, no entanto, distinguem-se das demais por sua maior elaboração, preparação e duração. São elas: a 'festa das tabocas' (takwara-rero'awa), a 'festa do cigarro' (opetymo) e a 'festa do bastão rítmico' (waratoa). Poder-se-ia acrescentar ainda a 'cauinagem' (inata'ywawa), em que, porém, música e dança parecem ter menor relevância. A essas quatro modalidades acrescentam-se uma série de pequenas festas associadas à caça de algum animal ou à coleta coletiva de mel silvestre. Não há qualquer cerimônia ligada à agricultura e considera-se, inclusive, impróprio utilizar seus produtos na preparação das bebidas rituais: o cauim deve ser feito de amêndoa do babaçu, o mingau doce de palmito da mesma palmeira. O único cultivar usado nas festas é o tabaco, posto no interior do cigarro feito de entrecasca do tauari (petyma'ywa, 'árvore do fumo').
Esses índios falam uma língua tupi-guarani pertencente ao mesmo subconjunto do Tapirapé, Avá (Canoeiro), Asurini e Suruí do Tocantins, Guajajara e Tembé. São tipicamente índios de terra firme, não canoeiros, e exímios caçadores de mamíferos terrestres. Praticam uma horticultura de coivara pouco diversificada, tendo como cultivo básico a mandioca amarga.
Os Parakanã são caçadores especializados em animais terrestres. Antes do contato, desprezavam a maior parte da fauna aquática e arborícola, que são as mais densas da floresta tropical. Dentre as mais de 70 espécies de aves (que não pássaros de pequeno porte) que distinguem (levantamento preliminar), apenas duas eram predadas: uma de mutum e outra de jacu.·.
A pesca, por sua vez, era uma atividade secundária. São unânimes em afirmar que antes do contato comiam pouco peixe. Sua importância na dieta restringia-se a alguns meses da estação seca, quando os rios vazavam e a fauna aquática se concentrava em locais propícios à pesca com timbó. Embora não houvesse interditos fortes em relação ao pescado, certas espécies não eram consumidas, por razões variadas.
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Parakanã no Igarapé Bom Jardim. Foto: Carlos Fausto, 1988.
 Programa Parakanã
As graves e negativas consequências dos impactos causados pela construção da Hidreletrica de Tucuruí e a Rodovia Transamazônica esses índios conviviam com uma taxa de mortalidade de cerca de 20% ao ano, começaram a ser revertidas a partir do final da década de 80 , com a criação do Programa Parakanã, uma iniciativa da FUNAI e da ELETRONORTE destinada a promover a recuperação em todas as áreas. Esse Programa é integralmente financiado pela ELETRONORTE e conta, desde a sua concepção, com uma equipe altamente preparada na implementação, tendo à frente o indigenista José Porfírio de Carvalho, servidor aposentado da FUNAI.
O Programa foi implantado, tendo como objetivos, promover a completa regularização fundiária da terra indígena Parakanã; proteger seus limites contra todo e qualquer invasor; promover a saúde integral dos indígenas; recuperar sua capacidade produtiva abandonada em razão das doenças que se seguiram ao contato;  ampliar o entendimento dos índios Parakanã a respeito da sociedade não-indígena, capacitando-o para o convívio
A Funai, ainda hoje, atua em estreita parceria com os gestores e executores do Programa, sobretudo na efetivação das ações concretas desenvolvidas na Terra Indígenas Parakanã exercendo ações de monitoramento territorial da área.dentro e fora da aldeia por meio de uma escola adaptada à sua realidade.


Partes do texto foram retiradas do site "Povos Indígenas do Brasil", como está na referência citada abaixo, portanto esta publicação não é integralmente de autoria deste blog.
Ass: Alessandro Crivelaro

Referências:_______ Povos indígenas no Brasil. Disponível em:http://pib.socioambiental.org/pt/povo/parakana. Acesso em 30 de Março de 2015
._______ Programa Parakanã. Disponível em: www.parakana.org.br/. Acesso em 30 de Março de 2015

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